A família é, precisamente, o objectivo dos vossos trabalhos. Tema central da vida da Igreja, é um tema que lhe é muito caro. Sublinho, por exemplo para os nossos telespectadores que não saibam, que na Missa em que tomou posse do título de Patriarca de Lisboa, em Junho de 2013, dedicou uma larga parte da homilia à família.

Absolutamente. Vejamos, talvez não tenhamos um ponto muito presente, mas é necessário. O Evangelho começou numa família. É muito importante. Para nós cristãos, a revelação de Deus, é a vida de Jesus. A vida de Jesus é uma vida de família. Durante trinta anos, desde Belém, ao Egito, a Nazaré da Galileia, tudo isto é a família. Tinha a sua mãe, tinha o seu pai adotivo, os seus parentes, tinha os seus lugares. Ia à Sinagoga, ao sábado, como bom judeu que era. Trabalha também, em colaboração com José, na profissão que ele tinha. Tudo isto é família. É uma vida muito normal… mas cheia – nós acreditamos – de Deus. Porque Deus, estava lá, na vida de Jesus. E quando partiu de Nazaré da Galileia, para pregar o ‘Reino’, ele chamava o ‘Reino de Deus’. Ele fê-lo também numa linguagem de família. Apresentava-se como o ‘Esposo’… os outros ‘são irmãos’. Às vezes com um sentimento maternal, como quando Ele diz: “(quantas vezes quis eu juntar os teus filhos), como a galinha recolhe os seus pintos debaixo das asas” (cf. Mt 23, 37). Tudo isto é muito familiar. Jesus partiu de uma experiência familiar como filho, como irmão, que era, em Nazaré, e sublinhou. Ele alargou a sua experiência e a sua linguagem à família dos que o seguiam. Então, nós devemos considerar a família como o lugar onde a Igreja também se compreende a si própria, como a família dos filhos de Deus. Nós vemos nas comunidades primitivas, nos escritos de Paulo, a família. A casa deste, daquele, era o ambiente, o lugar, onde a comunidade cristã se desenvolvia. Por exemplo, este casal de Áquila e Priscila, é muito importante, em Corinto, na época. Quando fala, por exemplo, a Timóteo, diz “a fé que habitou primeiro em tua avó, e em tua mãe” (cf. 2 Tim 1, 5). Portanto, vemos que a família é o local, por excelência, de desenvolvimento do próprio cristianismo.

Fonte: Patriarcado de Lisboa

http://www.patriarcado-lisboa.pt/site/index.php?cont_=40&id=5554&tem=339