O papa Francisco alertou hoje, na missa a que presidiu no Vaticano, para a ausência de sentido cristão nas vidas que se fecham ao exterior, paralisadas na adoração do si próprias e que constroem muralhas feitas de regras.
Um coração pode ser de pedra por causa de «experiências dolorosas», como aconteceu com os discípulos de Emaús, receosos de se iludirem «mais uma vez», ou com Tomé, que recusa acreditar na ressurreição de Cristo, apontou o papa, refere a Rádio Vaticano.
Mas há «outro motivo que endurece o coração, que é o fechamento em si mesmo: fazer um mundo em si mesmo, fechado. Em si mesmo, na sua comunidade ou na sua paróquia, mas sempre em clausura».
«A clausura pode centrar-se em muitas coisas: pensemos no orgulho, na suficiência, pensar que sou melhor do que os outros, também na vaidade. Há o homem e a mulher-espelho, que estão fechados em si mesmos para se olharem continuamente. Estes narcisistas religiosos», apontou.
Estas pessoas, prosseguiu o papa, «tem o coração duro porque estão fechados, não estão abertos. E procuram defender-se com os muros que fazem à sua volta», atitude que radica na «insegurança».
Quem procura certezas na lei está tão seguro «como um homem ou uma mulher na cela de uma prisão, atrás das grades: é uma segurança sem liberdade».
«O coração, quando endurece, não é livre, e se não é livre é porque não ama», realçou Francisco, acrescentando que «o amor perfeito rechaça o medo: no amor não há medo porque o medo supõe um castigo, e quem teme não é perfeito no amor. Não é livre», vincou.
A pessoa que vive atemorizada «tem sempre o medo de que suceda alguma coisa de doloroso, de triste» ou que «arrisque a salvação eterna»: «Há tanta imaginação porque não se ama».
«Quem nos ensina a amar? Quem nos liberta desta dureza? Só o Espírito Santo», sublinhou o papa: «Podes fazer mil cursos de catequese, mil cursos de espiritualidade, mil cursos de ioga, zen e todas essas coisas. Mas tudo isso nunca será capaz de te dar a liberdade de filho», vincou.
«Só o Espírito Santo é que move o teu coração para dizer “Pai”. Só o Espírito Santo é capaz de saciar, de romper esta dureza de coração», tornando um coração doente num coração «dócil» a Deus e «à liberdade do amor», salientou Francisco.
Fonte: Pastoral da cultura