Textos escritos no facebook do agrupamento, mas como ainda há pais que não tem conta lá, ou mesmo para ser possível aceder com mais facilidade, vão ser também colocados aqui:
PARA MEDITARMOS… com MUITA seriedade (0)
Porque escutismo é uma “brincadeira séria” assente numa base pedagógica… sendo esta página uma forma de comunicação do agrupamento, que se pretende rever nos princípios acima, sempre que possível e oportuno, faz sentido “postar” aqui algum conteúdo fundamentado nos princípios e artigos do CNE e do escutismo mundial, que nos vão alertando a memória e avivando a importância e particularidade desta missão.
Porque todos somos imperfeitos e diferentes, não nos faz mal sonhar com a perfeição. E portanto também, nenhum conteúdo será da minha autoria, mas sim meras transcrições/citações de entidades reconhecidas na área da pedagogia e vivência escutista e/ou assentes nos “dogmas” escutistas/cristãos.
O que é o Uniforme?
Se procurarmos nos dicionários encontramos algo como:
1- Com a mesma forma, … Igual, … conforme, … semelhante, . Sinónimo de homogéneo, parecido, similar, constante, regular. Antónimos: heterogéneo, diferente.
2- Trajo igual e regulamentar das pessoas que realizam um determinado trabalho ou pertencem a um determinado corpo, grupo, etc.…
Para que serve?
O uniforme tem como objectivo fortalecer a identificação dos elementos Escutistas, com um movimento que é nacional e mundial.
As características do mesmo são as estabelecidas no regulamento do uniforme e não poderão ser feitas modificações.
O uso do uniforme é de carácter obrigatório para os membros, dirigentes e jovens, em todas as reuniões e actividades. É um trajo de trabalho e de jogo. O uniforme escutista está adaptado a todas as actividades ao ar livre e à vida na natureza. As suas cores não são apelativas, mas falam da terra, combinam com as cores do céu, tanto de dia como de noite. Facilita os jogos. Permite protecção tanto contra o frio como calor. Nada no uniforme são elementos decorativos, mas respondem a necessidades concretas.
Para responder a esta pergunta, recordemos um artigo da revista francesa “Maîtrises”: «O teu uniforme é a resposta a uma necessidade dos jovens de hoje. Talvez já tenham ouvido dizer que os costumes e a roupa tendem para uma mesma “moda”. Os trajos tradicionais desaparecem, mantendo-se apenas nos locais onde o tipo de vida ou o clima o exigem de forma imperativa. Estamos, sem dúvida, muito distantes do tempo das cruzadas, onde cada um “empunhava” firmemente a cruz da sua ordem ou o estandarte do país. Parece, hoje, cada vez mais difícil encontrar entre a multidão quem fale a nossa língua ou quem compartilhe a nossa fé.
No entanto a “gente” do nosso tempo não perdeu o gosto pelas insígnias ou pelos escudos. Basta olhar em volta para nos apercebermos que as pessoas têm, mais que nunca, uma especial preocupação em personalizar a roupa, roupa de marca, ou o próprio corpo (tatuagem, piercing), enfim, sinais que servem para expressar as suas tendências e aspirações.
Do mesmo modo, os grupos que têm a seu cargo uma missão ou responsabilidade recorrem a roupa e insígnias particulares: soldados, bombeiros, policia, etc.
O uniforme é a marca de uma comunidade. É um sinal claro e visível, que emerge no oceano de indiferença que banha o mundo actual. O uniforme distingue-te na multidão e identifica-te no “acampamento” dos teus irmãos. É o símbolo que diz: “somos do mesmo sangue, TU e EU!”, como diz a lei da Selva. Mas é sobretudo um sinal do amor que nos reúne, o selo de nossa fraternidade. Um apelo ao outro. O que pode ser um sinal de contradição para alguns, é um UNIÃO para outros, pois o uniforme não é apenas uma prova de pertença: é uma chamada. Os que têm os mesmos gostos e aspirações reconhecer-te-ão e saberão que podem juntar-se a ti.
É um símbolo de desapego voluntário. O jovem que entra no escutismo opta por um tipo de vida que não agrada a todos. Deve ter consciência de que vai privar-se muitas vezes do conforto e comodismo, renunciar ao fácil, devendo procurar, pelo contrário, um conjunto de virtudes».
O uniforme é sinal de um espírito e de um estilo (que não é o mesmo que “moda”). O uniforme é revelador de um estado de animo, de uma escola de espiritualidade.
Por exemplo:
– O lenço e UMA ANILHA (só uma meus caros), simboliza aliança com os membros do grupo (a anilha na ponta do lenço significa união fraca, por isso se usa mais próxima do pescoço – união forte);
– Arregaçar as mangas da camisa, significa acolher as exigências da vida e estar pronto para SERVIR;
– Carregar a mochila às costas, é assumir responsabilidades, carregar o seu destino e manter as mãos livres para agir.
O Uniforme, mais que uma farda, é uma questão de fidelidade ao movimento e de humildade: “aquele que é fiel nas pequenas coisas também o será nas grandes”.
Não é o uniforme que faz um escuteiro… Mas é o espírito com que se aceita e veste o uniforme.
Não é por estar uniformizado que é melhor escuteiro… Mas distingue-te perante o mundo, como alguém especial, não mais um no meio da multidão, mas alguém que, pelo uniforme, “grita” bem alto para que todos vejam: eu estou aqui, pronto a servir, a dar-me sem medida, sem esperar recompensa, “Sou eu”, SOMOS UM!
PORQUE O IMPORTANTE SÃO OS JOVENS… 19-08-2014
PARA MEDITARMOS… com MUITA seriedade (6):
E então quanto ao Dirigente Escutista? Como deve ser?
Diz a canção que e nós questionamos: “Ser poeta é ser mais alto? É ser maior do que os homens?” Talvez… Mas ao invés do poeta, ser Dirigente nos escuteiros:
– NUNCA É SER-SE MAIS ALTO, NEM MAIOR.
«- É aceitar a responsabilidade de caminhar ao lado de quem cresce e o compromisso de educar pelo Amor, numa constante lembrança de que essa – e não outra -é a sua verdadeira missão (e quantos não há que o fazem para dar asas ao seu complexo de superioridade?).
– É dirigir-se aos mais novos, como irmão mais velho (sendo mais irmão do que mais velho), na ânsia de ser aceite dessa forma.
– É pautar-se pela renúncia ao Temor como método para alcançar fins que se pretendem educativos, ou não fosse este Movimento marcado precisamente pela originalidade e eficiência do seu método muito próprio.
– É fazer valer o diálogo e o entendimento mútuo como a única arma para fazer caminho por mato bravio, instalando nas mentes mais jovens, a certeza de que essa é a maneira correcta de fazer esse caminho.
– É compreender que, quem o olha, trará no gesto e no verbo sempre uma reserva, a qual nunca deverá confundir com desconfiança e panóplias de esquemas e artimanhas que lhe pretendem ocultar.
– É deixar-se ficar na sombra, alimentando-se da felicidade de ver os mais novos colher os louros pelo esforço que foi de todos, nunca esquecendo que eles são o centro da sua atenção, da sua energia e da sua dedicação.
– É fazer de todo o jovem um seu parceiro. O seu parceiro favorito: para pensar, para inventar, para planear, para executar, para celebrar a vitória e engolir a derrota.
– É ter consciência que os jovens gostam de caminhar sozinhos, embora sabedores de que alguém (ele mesmo) zela por eles para que não caiam, lhes dará a mão se caírem mesmo, e lhes explicará e perdoará os erros.
– É mostrar que, apesar de o mundo ser uma salada estragada de forças em constante crispação, contendas incompreensíveis e atitudes menos cristãs, nós, Escuteiros, marcamos a diferença para melhor. E fá-lo com o seu exemplo pessoal, primeiro que tudo.
– É fazer-se conhecer pela humildade, ensinando que a arrogância, ainda menos que um defeito, é uma das piores manifestações de desprezo.
– A prepotência, a arrogância, a impulsividade sempre foram, são e continuarão a ser, o sinal mais evidente de Incompetência Pedagógica. Completamente incompatível com a pedagogia que o Escutismo usa para levar avante a sua missão educativa.
UM ADULTO PEDAGOGICAMENTE INCOMPETENTE, NÃO PODE, NEM DEVE, SER DIRIGENTE ESCUTISTA (na perspectiva do que trabalha para e com os jovens), sob pena de fazermos deste Movimento uma amálgama de incoerência, hipocrisia e mau estar.» (Derivas 02)
PARA MEDITARMOS… com MUITA seriedade (7): |
O CONSELHO DE GUIAS, porque o «Escutismo sem um Conselho de Guias (bem feito), não é Escutismo, mas sim uma aldrabice qualquer…
Os miúdos têm a mesma capacidade de decisão que qualquer um de nós, adultos. Parece impossível, mas é assim mesmo. A grande diferença entre eles e nós, é que, por já termos passado por uma série de experiências e acontecimentos nas nossas vidas, conseguimos meter em cima da mesa um conjunto de variáveis sobre as quais tomamos uma decisão.
Um miúdo não se vai lembrar dessas variáveis todas, e tomará as suas decisões com base nas “poucas” que conhece.
O nosso papel, como Chefes, num Conselho de Guias (e também sempre que estamos com todos os miúdos), é meter em cima da mesa todas as variáveis que eles necessitam para tomarem a decisão que acham mais acertada.
SÃO ELES QUE DECIDEM… NÃO NÓS. Parece arriscado?……
– E porquê só fazer perguntas e dar respostas?
Através das perguntas, estamos a colocar as variáveis na mesa… Algumas das perguntas que fazemos, as tais variáveis, eles vão devolver em perguntas, confiados que teremos respostas. E nós teremos de dar essas respostas, se as soubermos, sempre de forma imparcial, sem comentários que possam ir de encontro às ideias deles.
O plano é, sem que os miúdos dêem conta, que venham a sentir os mesmos receios e preocupações que nós. E aí, é muito provável que tomem a mesma decisão que nós. Ou vai para a frente, ou não vai…
Saberemos se desempenhámos bem o nosso papel quando eles voltam para as suas Patrulhas (Bandos ou Equipas)… Aí, quando têm de alterar alguma coisa, por exemplo quando têm de anular uma descida do rio em jangadas: referem (1) que o Chefe disse que não, porque era muito perigoso, OU ENTÃO, (2) EXPLICAM, eles próprios, porque é melhor não se meterem naquela aventura, sem sequer meterem a opinião do Chefe ao barulho.
Se ACONTECER este caso (2), então sim, estamos a fazer aquilo para que nos “pagam” como Chefe de Escuteiros.
Um erro que muitos Chefes cometem, nos Conselhos de Guias, é pensarem que estas reuniões servem apenas para decidir coisas sobre actividades. Completamente errado!
O Conselho de Guias “É QUEM MANDA” na Unidade, não o Chefe. As decisões devem abranger tudo o que diga respeito à vida do Grupo. Tudo! Desde se o João da Patrulha Águia deve fazer a Promessa ou se vale a pena abrir mais uma Patrulha no Grupo.
O que sai para fora do Conselho de Guias nunca deverá ser o que o Chefe disse, mas sim o que eles – Guias de Patrulha – decidiram, porque é assim que querem e é assim que acham melhor.
Na maior parte das vezes em que achamos que a decisão deles não será a melhor, tem um efeito muito positivo deixá-los levar avante as suas decisões, mesmo que venham a resultar em fracassos.
OS ESCUTEIROS EXISTEM NÃO PARA OS MIÚDOS FAZEREM ACTIVIDADES FANTÁSTICAS, MAS SIM PARA CRESCEREM E VIREM A SER ADULTOS AUTÓNOMOS, RESPONSÁVEIS E EXPERIENTES.
Ter um Conselho de Guias a funcionar bem só vai trazer vantagens. Mas temos de “dar o coiro e o cabelo” nesses Conselhos. Porquê? Porque os nossos Guias passam a ser nossos parceiros…
…Há, assim, uma série de preocupações e tarefas que poderemos “delegar” se tivermos a humildade e perdermos o medo de reservar as decisões para nós e as partilharmos com o Conselho de Guias.
Claro que é muito mais fácil decidirmos nós as coisas e pronto. MAS ISSO NÃO É ESCUTISMO!
Como Chefe, não estamos cá para mandar, mas para orientar. E é orientando-os que os educamos e os fazemos crescer. Com jeitinho!
Não nos esqueçamos que o nosso papel: não é de uma ama-seca, mas de um Chefe de Escuteiros:
PORQUE O IMPORTANTE SÃO OS JOVENS…
PARA MEDITARMOS… com MUITA seriedade (8):
UMA QUESTÃO DE “ENSINO”/EDUCAÇÃO
«Se o Serviço se tornasse o objectivo principal da nossa educação em vez da personalidade, despertaria no mínimo igual interesse entre os alunos, e o resultado seria um mundo muito diferente para vivermos.
O nosso ensino faz-se principalmente através do exemplo, e os nossos dirigentes devem dá-lo na perfeição, na dedicação patriótica de si ao serviço do rapaz, meramente pelo prazer de o fazer, sem pensar em qualquer recompensa material.
Os jovens são ensinados, começando com o elementar “ajudar a mãe” da parte dos lobitos, passando pela Boa Acção diária e pelo estar preparado para salvar vidas por parte dos escuteiros, até à prática regular de Servir os outros por parte dos caminheiros.
O ensino do Serviço não é apenas uma questão de ensino teórico, mas sim o desenvolvimento de duas fases distintas, a saber: a interiorização do espírito de bem-fazer; e o dar oportunidades para que ele se exprima na prática». (DERIVAS 8 – B-P’s Outlook)
ASSIM SENDO:
“O Escuteiro deve ser activo “Fazendo o Bem” e não passivo “Sendo Bom”.
É seu dever auxiliar os outros e mostrar-se generoso para com eles”» (Powell, 1908: 257)…
«É nesta perspectiva de pensar no próximo, em ser-se solidário e amigo que surge a “Boa Acção” (B.A.)… A B.A. cria o reflexo de pensar nos outros, a aptidão para ver o que lhes falta e a prontidão, fonte de grande alegria, em fazer por eles o que nos é possível. Muitos escuteiros chamados a um serviço de maior responsabilidade, confessam que a prática da B.A. esteve na origem da sua vocação» (Forestier, 1993: 48).
FICANDO, PORTANTO, PARA REFLEXÃO:
«A Educação [idealmente] consiste em levar o homem a tornar-se cada vez mais homem, a PODER SER MAIS e não só a PODER TER. Consequentemente, a que, através de tudo o que tem e de tudo o que possui, saiba ser mais plenamente homem com os outros e para os outros. [No entanto] A sociedade de hoje preocupa-se muito com o “fazer” e o “saber fazer”; com o “ter” e o “saber enriquecer”; com o “prazer” e o “saber gozar”…MAS… DARÁ IGUAL IMPORTÂNCIA AO “SER” E AO “SABER SER”?» (Veiga, 2003: 11)
-PORQUE O IMPORTANTE SÃO OS JOVENS…
PARA MEDITARMOS… com MUITA seriedade (10):
LEI DO ESCUTA
1 – A HONRA DO ESCUTA INSPIRA CONFIANÇA.
Há 3 padrões para medirmos a maior parte das coisas que fazemos e pensamos: Más, Regulares e Boas. O significado da palavra “honra” não é excepção a essa regra.
Há jovens nos quais nunca podemos acreditar – tanto mentem que nunca se sabe quando estão a falar verdade.
Há jovens que são “regulares” – talvez a maioria. Honrados de uma “honradez” vulgar, não sendo porém, cabalmente leais.
Poucos são os jovens em que se pode SEMPRE crer, poucos em quem se pode depositar absoluta confiança. Um Escuteiro, num mundo perfeito, deverá pertencer a este ultimo tipo.
Não é necessário dizer muito sobre o 1º tipo – o mentiroso – apenas que, sempre e em qualquer das suas formas, temos de condenar a mentira. Cuidado porém ao condenar-se o “mentiroso”. Pois nem todas as pessoas têm a mesma facilidade em dizer a verdade, da mesma forma que para muitas pessoas é dificílimo não se embebedar…
São muitos os que dizem “é-me quase impossível deixar de cometer esse pecado”. E esta falta pode ser pior que a própria mentira, sobretudo se não damos conta que só por si é “pecado”.
Então e um jovem de “honradez vulgar”? Para a maior parte dos escuteiros isto poderá ser suficiente para cumprir a o primeiro artigo da Lei, mas… não é bem assim: pode acontecer que este jovem “falseia” a sua idade para poder viajar e pagar menos (“toda a gente faz isso, porque não eu também?”); mente sobre a idade para poder entrar num hospital e visitar um amigo doente (“tenho desculpa porque é por uma boa causa”); diz uma mentira para livrar um companheiro de problemas (“não me venham dizer que um bom escuteiro permite que um amigo passe por problemas!”)…
Digamos que a MENTIRA é sempre um mal, por ser a negação da verdade. Também é certo que há diferentes graus de mentira, e ás vezes temos de escolher entre dois males… tenhamos porém, cuidado, com esta desculpa!
Reflictamos no seguinte:
– Nunca se julgue que uma coisa seja boa, só porque todos a fazem (não trago o lenço, porque o chefe também não o traz);
– Fazer uma boa acção a alguém, não converte a mentira em verdade (se não se perturbar a ordem, não importa que se visite um amigo no hospital) Contudo a mentira rebaixa sempre o nível da HONRA de quem quer que seja;
– Muitos desculpam a mentira de um jovem dizendo que “é ainda jovem, tem desculpa”. Isto será um verdadeiro insulto para o jovem, pois sugere haver determinados graus de comportamento e atitude demasiado elevados para ele… e isso não é verdade.
– O castigo não converte o mal em coisa boa, como o perigo ou a ameaça de castigo não transformam uma má acção em boa.
Admitamos também que mentir para ajudar outra pessoa é um problema complicado de avaliar, mas pensemos em duas coisas:
– Muitas vezes causamos maior dano aos amigos encobrindo-lhes as faltas e não os ajudando a corrigirem-se;
– Devemos estar certos de que querer “livrar o amigo de apuros” não seja o desejo de nos salvarmos a nós, porque nesse caso os “apuros” ultrapassariam a verdade.
COLOCARMO-NOS EM APUROS – esta é uma expressão que tem a solução do problema, pois… aspirarmos a sermos perfeitos é em si um meio de nos colocarmos em apuros, e isso nada mais é que seguir a Lei do escuta. Ser Cristão, quer dizer colocar em prática o cristianismo, carregar uma cruz. E a Cruz faz parte do uniforme cristão, como o lenço faz do uniforme escutista.
Porquê? Porque os ideais de Cristo diferem muito dos ideais dos homens, do mundo. No entanto, o mundo não aprecia que se afirme isto e ri e persegue os que preferem seguir os ideais de Cristo, a verdade absoluta.
Se os Escuteiros quiserem ser perfeitamente honrados, “sofrerão” por isso… MAS ESTA É A VERDADEIRA META DO 1º ARTIGO DA LEI!
Porque o Importante são os Jovens…
PARA MEDITARMOS… com MUITA seriedade (11):
LEI DO ESCUTA
2 – O ESCUTA É LEAL
Este é um artigo difícil de compreender e mais ainda de praticar. Que significa, então, “Lealdade”? Usemos o dicionário e descobrimos que diz que a lealdade é “cumprir as obrigações do dever”. E Dever é “aquilo que cada um tem obrigação de fazer”.
Mas porque temos obrigação de fazer alguma coisa? Porque se parte do principio que é bom fazer. E começamos logo aqui a ter dificuldades no que se refere à Lealdade.
É facto assente que devo obedecer SEMPRE aos meus pais, MAIS DO QUE à Pátria? Qual é o critério a seguir?
É ponto certo que devo obedecer SEMPRE a um Chefe (escuteiro)? Qual é o critério a seguir?
É certo que devo SEMPRE proteger os meus amigos? Deve, SEMPRE, um homem combater pela Pátria?
No 1º artigo da Lei já percebemos que se engana quem se contenta com uma honradez medíocre, mascarando algumas coisas más com um certo ar de boas, ou com alguma desculpa “justificadora”.
No entanto, e tal como no 1º, o problema deste 2º Artigo é que, se não se aspira ao mais elevado, pratica-se uma acção menos digna, julgando-a boa.
Porquê? Vimos que “Lealdade” significa fazer algo que achamos/julgamos ser bom. Ora “julgar” implica pensar… e são muitas as pessoas que “não pensam”… nem mesmo tentam pensar. O resultado disto é que essas pessoas não estão capacitadas, ou competentes, para saber se uma coisa é boa ou má. Pode acontecer que fazem o mal sem o saber e fazem o bem por “motivos maus”.
Parece confuso não é? Mas é simples: a Lealdade significa fazermos uma coisa por acreditarmos que ela é boa… e isso implica PENSAR.
Como decido se uma coisa é boa ou má? Só pensando sobre ela… certo? Mas antes permita-mo-nos a um conselho: NUNCA FAÇAMOS ALGO SÓ “PORQUE TODO O MUNDO FAZ”!!! Pois tal facto (fazer porque os outros fazem) nunca será uma razão suficiente em si mesma. O numero de pessoas que pratica uma acção não muda a natureza da mesma: se todos os alunos de uma escola, falseiam um teste (copiam, por exemplo), isto não transforma a mentira em verdade. E não é o numero que torna má a acção, é a mentira.
Por outro lado, um pouco ao contrário, também não é por ser o único, entre muitos, que tenho determinada opinião, que isso seja motivo para não tomar uma decisão final… pensar… pois poderei estar certo ou errado.
Temos de ouvir a consciência sobre o que devemos fazer: isto é bom… aquilo é mau. Se não mover o braço durante muito tempo, ele ficará sem força, inútil; o mesmo acontecerá com a consciência se lhe “desobedecermos”.. com o tempo perde-mo-la e ficará inútil… tanto o braço como a consciência são para usar… correctamente.
Então como resolver os problemas sobre os quais não tenho certezas? Como fazer para acertar sempre?
Uma estratégia é perguntar às pessoas em quem confiamos e que são competentes para nos aconselhar sobre determinado assunto. Veremos que as pessoas que nos dão bons conselhos, terão razões para tal… e sabedoria… e muito importante, não nos forçarão, mas deixar-nos-ão decidir livremente.
E se os conselhos de várias pessoas forem diferentes entre si, como saber qual o melhor?
Muitas vezes é difícil, no entanto, pensemos que Deus “apenas” nos pede que conheçamos o BEM do melhor modo possível. Se assim fizermos Ele não nos recriminará, se nos enganarmos, pois a intenção era fazer BEM.
Exemplo disto é quando temos de combater pela Pátria: se um homem pensa que matar é MAU em todas as circunstâncias e vê esse critério reforçado pelos diversos conselhos – até o de Deus – faz BEM, se decidir não combater. Ao contrário, outro homem que “odeia” matar tanto quanto o primeiro, pode julgar justo fazê-lo para defender a Pátria… e a decisão de lutar poderá ser boa, no seu caso.
Isto tudo é muito complexo, pelo que ficam alguns conselhos:
– Não seguir a opinião geral, sem antes aprender a pensar e a pensar bem, por si mesmo;
– Não ser orgulhoso e pedir conselho a outros, lembrando que as pessoas mais velhas, quase sempre, têm mais experiência;
– Se outra pessoa tem pontos diferentes dos nossos, não condená-la e não pensar que as diferenças não importam. Há que admirar a sua sinceridade e esperar que ela admire a nossa, estando de acordo que diferem nesses pontos de vista (isto é extremamente importante quando se aplica à religião);
– Rezar, mas não esperar uma resposta imediata como se fosse uma carta;
– Se chegarem a uma decisão “justa” defendam-na sem angustias…
Porque o Importante são os Jovens…
PARA MEDITARMOS… com MUITA seriedade (12):
PORQUE O IMPORTANTE SÃO OS JOVENS…
OS MELHORES DO MUNDO?

É muito fácil encontrar este tipo de mentalidade no Escutismo Português e no CNE em particular. E não tenho qualquer pejo em dizer que já foi a minha também. Se recordar as minhas primeiras participações em eventos internacionais não posso deixar de me sentir um pouco embaraçado pela postura um bocado “fanfarrona”, quase sobranceira, com que defendia tudo o que se fazia no CNE, em detrimento de práticas que percebia de outras associações.
Nós estávamos certos, eles estavam errados. Pura ignorância, reconheço hoje.
Nos últimos anos tenho tido a felicidade de experimentar um intenso contacto internacional. Em particular nos últimos 3, como membro do Comité Europeu do Escutismo, tenho tido a oportunidade de conhecer, em maior ou menor profundidade, realidades de países dos 4 cantos da Europa. E de me fascinar com aspectos particulares, maiores ou menores, que vou encontrando em muitos deles:
• A produção maciça de materiais de apoio pedagógico de uma das associações espanholas (e a forma como os voluntários são envolvidos na mesma);
• A impressionante, objectiva e corajosa abordagem estratégica da associação inglesa (novos programas …) que fez inverter uma tendência de declínio que se verificava (nomeadamente no efectivo);
• A forma inclusiva como algumas minorias são tratadas pelo escutismo eslovaco;
• A capacidade organizativa e de sistematização dos suecos (que terá sido um dos argumentos para que a Suécia tenha sido escolhida para organizar o Jamboree Mundial de 2011);
• O nível de reflexão e a profundidade de discussão (nomeadamente ao nível pedagógico) de italianos ou franceses, traduzidos em inúmeros fóruns com contributos de gente da “sociedade civil”
• A juventude dos membros dos órgãos de gestão nas associações belgas e as estruturas organizativas flexíveis que estas conseguiram implementar;
• A criatividade dos holandeses no encontrar de soluções para o corte total de apoio financeiro do estado;
• …
Não, estes (e outros) não são os “melhores do mundo” (nem eles se consideram assim). Há muitos domínios em que, na minha opinião, o Escutismo Português, e, nele, o CNE, têm maior sucesso (no trabalho com adolescentes, no enraizamento local, no equilíbrio do efectivo, na preservação de uma certa mística própria, na aposta na vivência de valores…).
Pergunto-me é muitas vezes “Onde seríamos capazes de chegar se tivéssemos a capacidade de ouvir e ver? De aprender com os outros?”. Se tivéssemos a humildade de nos questionar e a coragem de mudar onde fosse preciso.
E não se pense que isto é um problema quando estão em causa apenas países (ou associações). Dentro da nossa associação, região, agrupamento (!) não somos também assim?
Quantas vezes, de forma mais ou menos explícita, nos confrontamos com esta atitude de “A minha Região/Agrupamento/Unidade é a/o melhor!”? Talvez devêssemos, mais frequentemente, dar uma oportunidade aos outros…e a nós próprios. Estar mais disponíveis para ouvir e ver, sem juízos preconcebidos e com a capacidade analítica de saber reconhecer o bom, onde ele existe.
Os “melhores do mundo”? Existem, sim, mas, para mim, não são os que têm mais dinheiro, ou mais efectivo, ou os uniformes mais vistosos e engomados, ou maior número de regulamentos, ou os manuais mais volumosos… São antes aqueles que partilham desinteressadamente os seus sucessos e também os seus fracassos, os que se predispõem a ouvir (mesmo que depois não concordem), os que sabem que têm para aprender, os que não têm vergonha de perguntar ou pedir ajuda, os que estão disponíveis a experimentar… São os que sabem que vale a pena “ser sempre melhor” e que isso é um caminho contínuo. Há quem lhe chame “excelência”.» (João Armando Gonçalves: Olhares de longe – 2007)
LEI DO ESCUTA
3 – O ESCUTA É ÚTIL E PRATICA DIARIAMENTE UMA BOA ACÇÃO
No seu texto original o artigo dizia: “O Dever do Escoteiro é ser útil e ajudar aos outros”. neste enunciado destaca-se como ponto forte o conceito do “DEVER”, a que BP recorre para dar ênfase especial a este Artigo.
Não esqueçamos que BP era militar, e os militares têm várias especialidades, como artilharia, sinaleiros… No Escutismo, os seus “soldados” devem seguir os 10 artigos da Lei… mas a sua especialidade deve focar-se no 3º artigo: “SERVIR”, o lema dos escuteiros e dos caminheiros/dirigentes em particular.
Pode-se dizer, não sem alguma discussão que este 3º artigo é o que mais se aproxima da proposta Cristã. Jesus trouxe um significado e valor especial ao conceito de SERVIR, na noite em que foi traído, com aquele gesto emblemático que diz de si “EU ESTOU NO MEIO DE VÓS COMO AQUELE QUE SERVE” (Lc 22, 27), deixando assim o mandamento de nos amarmos como Ele nos amou, pondo-se ao SERVIÇO uns dos outros (cf. Jo 13, 14), e demonstrou o que queria afirmar com tal frase:
lavou os pés aos discípulos, dizendo-lhes de seguida “Dei-vos o exemplo, para que, como Eu vos fiz, façais vós também” (Jo 13, 15).
O verdadeiro SERVIÇO é o resultado do amor, portanto a suposta B A (Boa Acção) que façamos com os olhos voltados para a nossa própria glória, perde o seu valor real e profundo, ainda que traga beneficio ou ajude o outro. O “FAVOR” QUE PRESTAMOS POR AMOR AO PRÓXIMO TEM UM VALOR MUITO GRANDE… O BEM QUE FAZEMOS POR AMOR A DEUS, É DE UM VALOR IMENSO!
Há no entanto algumas falácias, exploradas como verdades, muito citadas como grandes “chavões” e pelas quais muitas vezes nos deixamos guiar. Por exemplo a que afirma: “A caridade começa em casa”.
Quase sempre a colocam em prática aqueles que são tão egoístas, que só olham para o seu umbigo, que apenas desejam agir para o seu bem. No entanto… esse ditado é a pura verdade, no sentido em que a caridade, o amor, começam ou devem começar na própria casa.
Do outro lado da linha, muitos há que passam tanto tempo a ajudar o próximo que, ocupados nisso, se esquecem de prestar a mesma ajuda em casa. Praticam a caridade com os outros…e em casa desleixam-se ou em caso extremo maltratam aqueles que lhes são próximos, ou não lhes prestam o “socorro” devido/necessário… Também por isto é que o “SERVIR”, a caridade deve começar em casa.
Como escuteiros devemos sempre aspirar ao mais elevado. Um modo de validarmos se na verdade aspiramos a tal coisa, é perguntarmos se a nossa caridade, o nosso SERVIR, começa em nossa própria casa.
Com este artigo descobrimos, pois, não uma obrigação, mas um caminho muito especifico para sermos felizes e fazermos felizes: SER UTIL, é ter a capacidade para ajudar o outro em todas as circunstâncias em que essa ajuda pode contribuir para suprir algumas das necessidades. Quem assim procura agir, habitua-se a não orientar o caminho, a vida, exclusivamente para os seus próprios interesses, para o seu “egoísmo”, aprendendo a viver em comunidade e em comunhão.
Para um Escuteiro, o altruísmo, aprende-se através da “B.A” diária, cuja prática é tão importante incutir e consciencializar. É ela que nos exercita na arte de FAZER O BEM; é ela que, pela repetição, acaba por criar em cada um o hábito de estar atento para o BEM-ESTAR dos outros e a disponibilidade para os ajudar… E HÁ-DE SER REALIZADA… Diariamente. (in: Ser Escoteiro é…)
«É natural que tenhas tendência a pensar só em ti, mas deves ajudar sempre os outros praticando todos os dias uma boa acção. Quantos actos de heroísmo têm sido postos em prática por escuteiros, alguns riscos de vida. Não podem haver grandes boas acções se não nos prepararmos com pequenas boas acções. Ninguém te pede que faças coisas excepcionais, e não te esqueças: “A melhor maneira de ser feliz é fazermos felizes os outros”.» (B. Powell)
Porque o Importante são os Jovens…
PARA MEDITARMOS… com MUITA seriedade (13):
LEI DO ESCUTA
4 – O ESCUTA É AMIGO DE TODOS E IRMÃO DE TODOS OS OUTROS ESCUTAS
Ser amigo dos teus amigos, implica seres capaz de te colocar no lugar deles actuando com respeito e solidariedade perante as suas necessidades e diferenças e… aprendendo a perdoar. Mas este Artigo, como deves reparar, vai mais longe ao declarar que devemos ser amigos de todos. Com tal declaração pretende-se que consigamos ter a disponibilidade interior para aceitar, como possível amigo, aquele que ainda nos é desconhecido, colocando de lado reservas sem sentido relacionadas com a raça, credo, sexo, cultura, classe social, nacionalidade, etc.
É este sentimento de disponibilidade interior que nos torna capazes de nos sentirmos irmãos de todos os outros escuteiros.
Mas… tudo isto depende do sentido que damos ao conceito de amigo e amizade. Se com ele só pensamos naquela amizade de momento, que fazemos com quem lidamos na nossa vida diária, pessoas que nos agradam mas que nada nos deixam de indelével… então o conceito de amigo/amizade não tem grande significado.
Contudo, se por amizade entendermos esse laço de afecto e amor que nos une a certas pessoas, mesmo que tenham interesses distintos e idades diferentes, mas para as quais nos sentimos ligados por este laço invisível que nada, nem ninguém pode destruir… então, de facto temos diante de nós um problema!!
Esta espécie de amizade não se sente por muitas pessoas… como é possível então que um escuteiro seja amigo de todos?
A chave, creio, vamos encontrá-la no conceito de “Amor”, um dos sinais de amizade. Embora seja impossível ao escuteiro ser amigo de todos, já amar a todos é possível.
Podem objectar: “se a amizade por todos é impossível, não será mais difícil amar a todos? Isto é pior, pois estou certo de que não poderei amar todos”.
Mas não podemos mesmo? Pois se foi o próprio Jesus quem nos disse “Amarás os teus inimigos”… e se temos de amar os nossos inimigos, então é forçoso amarmos todo o mundo. Antes de reafirmarmos ser impossível, recordemos que é Deus quem nos manda amar assim.
Meditemos sobre isto e vamos encontrar pontos de comunhão com o 2º Artigo, naquilo que referimos sobre o “julgar”.
Há que fazer uma distinção: o mandamento foi de “amar” todos, não de “gostar” de todos. Muitos pensam que não se pode amar aquilo de que não se gosta… acreditam que amar significa gostar da companhia de uma pessoa, ter afinidade com ela, sentir prazer em querê-la… Mas este “gostar” não corresponde ao “amar” do ponto de vista cristão. O sentido Cristão deste conceito: desejar e fazer o bem a todos, o que é muito diferente de apenas “gostar”.
O “Amor Cristão” é um acto do espírito e da vontade e não tem, necessariamente, a ver com os sentimentos, mas inclui os sentimentos, na prática. Pelo contrário, o “amor humano”, é mesmo um emaranhado de sentimentos.
Nada como o exemplo: Encontro-me com alguém que não me agrada. Nada de mal nisso, mas há logo que pensar “não gosto desta pessoa, é desagradável, pedante, pouco caridosa… mas… foi Deus quem a criou, que gostaria que fosse melhor e que a ama com infinito amor… farei então o possível por ajudá-la, se necessário chamando atenção sobre os seus defeitos e rezando por ela”.
Isso é amor Cristão… que tem muitas traduções: amor, caridade, compaixão… é um amor forte do espírito e da vontade, que pode também estar ligado aos sentimentos, mas não necessariamente.
Este “amor” é de facto muito difícil de conseguir. Sozinhos teremos muita dificuldade em o sentir, pois é um dom de Deus e devemos pedi-lo nas nossas orações. (in: Ser Escoteiro é…)
Importante, pois reter: «A grande força do escutismo é que todos somos irmãos, sem distinção de raça, cor, nacionalidade ou classe social. Formamos todos uma grande família. Sempre que encontres outro Escuta, mesmo que não o conheças saúda-o e prontifica-te a ajudá-lo. Deves ser amigos de todos, não ofender ninguém e perdoar sempre aqueles que por alguma razão te ofenderam, mesmo que não sejam escuteiros ou que não conheças. Lembra-te de Jesus e do: “Amai-vos uns aos outros como irmãos. Vive e goza cada momento da tua vida”.» (CNE, Recursos).
PARA MEDITARMOS… com MUITA seriedade (14):

LEI DO ESCUTA
5 – O ESCUTA E DELICADO E RESPEITADOR
Baden-Powell disse: “O Escuteiro é delicado para com todos, especialmente para com as mulheres, crianças, pessoas inválidas, idosos e doentes. Sem receber qualquer recompensa pelos serviços prestados.” Este artigo sugere que procuremos conseguir um carácter equilibrado, nem brusco, nem violento. E nesse sentido procurarmos ser amáveis, delicados, simples no coração e nas atitudes, compreensivos de modo a sabermos colocarmo-nos , na posição dos outros. Um Escuteiro nunca é grosseiro ou incorrecto, pelo contrário é cortês e gentil.
O ponto forte original deste artigo é o “ser cortês”, mais tarde passou a ser citado como se expõe acima em titulo.
“Cortês”, significa ter as maneiras que agradem à corte real. Ora isto parece indiciar que “cortesia” não significa ter boas maneiras, poderia até ser sinónimo de “más maneiras” se isso fosse o que conviesse/agradasse à corte de um príncipe mais “depravado”, onde as maneiras seguramente não serias as “mais boas”.
O comportamento está ligado aos princípios em que acreditamos. Se não tivermos princípios, ou se passarmos a acreditar noutros, de imediato o nosso comportamento se alterará. Se alguém acreditar firmemente no mandamento de Deus sobre a indissolubilidade do matrimónio, então nunca pensará em divórcio, pois vai contra um principio ou um valor fundamental no qual crê.
Hoje é comum escutarmos dos mais velhos que as coisas já não são como eram… se pensarmos bem, acredito que uma razão para isso, possa estar na mudança das maneiras e dos costumes… que levam a alteração do comportamento.
Não é raro vermos hoje sinais de desrespeito e egoísmo, nos transportes públicos onde as pessoas tentam passar à frente nas filas e se empurram, não cedem lugar a quem necessita… aqueles actos de cavalheirismo como ceder passagem, caminhar ao lado de uma “senhora” ficando ela do lado de dentro do passeio… isso são “coisas do passado”, valores que se perderam… saíram de moda.
Estes exemplos até podem não ter grande importância, no entanto são o reflexo de algo mais profundo… eram sinais de respeito pelo outro, pelos mais velhos… de “boa educação”, sinal de não ser egoísta. Por exemplo, oferecer ao outro o ultimo doce, que também nós queríamos, demonstra controlo sobre si mesmo. E na verdade se o outro for cortês, a probabilidade é de não aceitar a oferta (generosa), contudo isso não diminui a “cortesia” do nosso gesto/atitude/maneira.
Devemos então reflectir nas razões que implicam o cumprimento deste Artigo da Lei: “O comportamento é um reflexo daquilo em que acreditamos”… e isto é de importância extrema. Muitas pessoas condenaram coisas espantosas que aconteceram na ultima grande guerra, sem contudo se surpreenderem com o facto de terem acontecido… porque, acostumados a verem o homem como parte de uma engrenagem social e não como IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS, parecia-lhes natural que fossem tratados como peças da sociedade.
Retomemos então a definição de cortesia, considerada no inicio do texto: Em que corte servimos nós, Cristãos? Na corte de Jesus Cristo, certo? Então as nossas maneiras e costumes devem ser dignos dessa corte, ser semelhantes às d´Ele. Ou seja o nosso comportamento deve ser em consonância com o que acreditamos na Fé, com o nosso Credo… Esta é a verdadeira razão de ser deste Artigo da Lei: porque cremos em Deus como nosso “príncipe”. Qual será portanto o resultado?
Esta sublime consideração para com o outro, o nosso próximo, o nosso irmão… é o cunho do verdadeiro Cristão… e do verdadeiro Escuteiro… e contribuirá sobremaneira para a felicidade de todos. (in: Ser Escoteiro é…)
Por outras palavras, o respeito – que também é sinónimo de cortesia – é o sentimento que nos leva a sentir consideração pelos outros, a ter em conta os seus direitos, a tolerar diferentes ideias e que nos impede de ter qualquer vontade de lhes causar dano. Esta consideração pela dignidade do outro traduz-se, na prática, por atitudes de delicadeza que mais não são que a forma amável, sensível e afectuosa com que devemos tratar todos… evitando chocá-los, magoá-los e melindrá-los.
Neste contexto, mesmo a frontalidade, o “dizer o que se pensa” deve ser usada de forma equilibrada, evitando-se a grosseria e “maus modos”. (CNE, Recursos).
Porque o importante são os Jovens…
PARA MEDITARMOS… com MUITA seriedade (15):
LEI DO ESCUTA
6 – O ESCUTA PROTEGE AS PLANTAS E OS ANIMAIS
«Deus criou todas as coisas deste mundo para que os homens delas tirassem proveito para poderem sobreviver e assim darem graças e louvor ao Senhor do Universo. O Escuteiro é amigo das plantas e dos animais, trata deles com carinho e nunca os maltrata. Nunca destruas uma planta ou animal senão por necessidade. Hoje o Homem abusa da Natureza e dispõe dela como um tirano e dono absoluto, destruindo e matando por prazer ou maldade, pervertendo os planos de Deus.»
Pensemos então sobre a dimensão deste Artigo da Lei:
Porque devemos ser amigos dos animais? Simplesmente porque Deus os criou e como tal, como a tudo que Ele criou, devemos consideração e amor. Grande parte das pessoas aceita a criação sem pensar nela a fundo: o ciclo anual da natureza; o movimento regular da terra; o sol, a lua, as estrelas, as árvores, montanhas, animais… a comida e a bebida… até pode ser que a admirem e contemplem, mas… compreenderão que Deus é o “culpado” de toda esta maravilha?
Então e se pensarmos no corpo humano? Ver, ouvir, falar, pensar, amar, viver… Tudo isto nos parece natural, mas tudo nos escapa, tudo isto é obra d´Ele, feita por amor e com amor… a partir do nada. Quantas vezes Lhe agradecemos por tamanha maravilha?
O agradecimento ocupa um lugar muito pequeno na vida de numerosas pessoas. Quando somos crianças, Lobitos, ensinam-nos a dizer obrigado, a agradecer um favor recebido, mas… quantas vezes agradecemos a Deus, tantos favores, todos os seus favores, muito maiores que qualquer outro?
O Escuteiro é respeitador… a ingratidão não é algo correcto, pois é a gratidão que nos leva a procurar o que é melhor nesta vida… e se procurarmos o bem, “esqueceremos” o mal!
Ser grato produz felicidade; a ingratidão cauda amargura, “peso” na consciência. Este Artigo apela aos bons modos, para nos mostrarmos agradecidos ao “Criador”. E quantas vezes já Lhe agradecemos por nos ter criado? Por nos ter habilitado para fazer tanta coisa? Por nos rodear de tanta magia e maravilha como a natureza? (in: Ser Escoteiro é…)
Sigamos os passos de S. Francisco e de S. Paulo e entendamos este Artigo da Lei, que impele todo o Escuta a ter consciência e a assumir como dever a defesa do outros seres que, criaturas de Deus como o homem, habitam este planeta.
E para isso não são precisos grandes gestos: não pisar a relva, não arrancar uma flor, não maltratar um animal… são pequenas acções que não mudam o mundo, mas que permitem preservar a beleza que Deus criou para que todos dela usufruam.
Um bom Escuteiro é aquele que aprecia e preserva a natureza, servindo-se dela apenas quando tal é necessário para a sua subsistência. (CNE, Recursos).
Mas não podemos mesmo? Pois se foi o próprio Jesus quem nos disse “Amarás os teus inimigos”… e se temos de amar os nossos inimigos, então é forçoso amarmos todo o mundo. Antes de reafirmarmos ser impossível, recordemos que é Deus quem nos manda amar assim.
Meditemos sobre isto e vamos encontrar pontos de comunhão com o 2º Artigo, naquilo que referimos sobre o “julgar”.
Há que fazer uma distinção: o mandamento foi de “amar” todos, não de “gostar” de todos. Muitos pensam que não se pode amar aquilo de que não se gosta… acreditam que amar significa gostar da companhia de uma pessoa, ter afinidade com ela, sentir prazer em querê-la… Mas este “gostar” não corresponde ao “amar” do ponto de vista cristão. O sentido Cristão deste conceito: desejar e fazer o bem a todos, o que é muito diferente de apenas “gostar”.
O “Amor Cristão” é um acto do espírito e da vontade e não tem, necessariamente, a ver com os sentimentos, mas inclui os sentimentos, na prática. Pelo contrário, o “amor humano”, é mesmo um emaranhado de sentimentos.
Nada como o exemplo: Encontro-me com alguém que não me agrada. Nada de mal nisso, mas há logo que pensar “não gosto desta pessoa, é desagradável, pedante, pouco caridosa… mas… foi Deus quem a criou, que gostaria que fosse melhor e que a ama com infinito amor… farei então o possível por ajudá-la, se necessário chamando atenção sobre os seus defeitos e rezando por ela”.
Isso é amor Cristão… que tem muitas traduções: amor, caridade, compaixão… é um amor forte do espírito e da vontade, que pode também estar ligado aos sentimentos, mas não necessariamente.
Este “amor” é de facto muito difícil de conseguir. Sozinhos teremos muita dificuldade em o sentir, pois é um dom de Deus e devemos pedi-lo nas nossas orações. (in: Ser Escoteiro é…)
Importante, pois reter: «A grande força do escutismo é que todos somos irmãos, sem distinção de raça, cor, nacionalidade ou classe social. Formamos todos uma grande família. Sempre que encontres outro Escuta, mesmo que não o conheças saúda-o e prontifica-te a ajudá-lo. Deves ser amigos de todos, não ofender ninguém e perdoar sempre aqueles que por alguma razão te ofenderam, mesmo que não sejam escuteiros ou que não conheças. Lembra-te de Jesus e do: “Amai-vos uns aos outros como irmãos. Vive e goza cada momento da tua vida”.» (CNE, Recursos)
PORQUE O IMPORTANTE SÃO OS JOVENS…
PARA MEDITARMOS… com MUITA seriedade (16):

LEI DO ESCUTA
7 – O ESCUTA É OBEDIENTE
«Obedecer prontamente…sem protestar…sem insistir…sem murmurar…nem sequer mentalmente…essa é a obediência perfeita, obediência do Escuta. Obedecer é mais fácil do que mandar. Obedecer é fazer as coisas com ordem e perfeição: trabalhos diários, boas acções, actividades, etc.
A nossa divisa “Sempre Alerta” não traduz apenas a nossa disponibilidade de agir, lembra também o poder da obediência. Devemos e podemos confiar nos Chefes, professores e em todos aqueles que querem contribuir para o nosso bem. Porém não podemos ser submissos e passivos a tudo o que nos quiserem impor. A obediência supõe uma atitude de nobreza e deve ser disciplinada.»
Muitos de nós, se formos sinceros connosco mesmos, teremos de admitir que apenas obedecemos a dois tipos de ordens: (1) àquelas que não nos importa obedecer e (2) àquelas a que somos obrigados a obedecer.
É muito difícil vencermo-nos a nós próprios para conseguirmos obedecer a todas as ordens que vêm de fora… sem refilarmos. Excepto às más…Mas mais difícil ainda é vencermo-nos a nós próprios para conseguirmos obedecer às ordens que vêm de dentro, do nosso interior, da nossa consciência. O que possibilita qualquer escuteiro e qualquer jovem a ultrapassar-se para obedecer à Lei do Escuta é isto mesmo: PARA ELE ESTA É A ORDEM DE FAZER O QUE JULGA ESTAR BEM. Trata-se da autodisciplina e obediência interna que nos dão a verdadeira liberdade.
Porém, muitas vezes ouvimos dos outros, do mundo, coisas como “isto não é assim, é ao contrário, isso é um sinal de debilidade de carácter que nos faz escravos. A verdadeira liberdade é fazer o que a gente quer”.
Achas que isto é verdade, caro escuteiro? “Vencer-se” para obedecer às ordens da consciência não é, nunca será, um sinal de fraqueza… muito pelo contrário.
Levantar-se logo, quando se ouve o despertador tocar pela manhã; dizer sempre a verdade, sem engano… isto não é sinal de fraqueza, ou de carácter frágil.
Acreditam mesmo que as pessoas que fazem tudo o que lhes apetece são mesmo felizes? Acreditem que não! Vejam o exemplo do fumar… apenas como exemplo, pois não se trata de condenar quem fuma… Quem é mais livre: (1) aquele que fuma constantemente, sem poder deixar o cigarro… (2) ou aquele que fez voto de não fumar… (3) ou o que pode fumar ou não fumar, à sua vontade?
– O primeiro tem liberdade para fumar, porém como não pode ou não consegue deixar de fazê-lo, falta-lhe a liberdade para não fumar.
– O segundo é livre para não fumar, pois se fuma quebra o seu voto.
– Já o terceiro é livre de fazer ambas as coisas, tem autodisciplina e fará o que a consciência ditar.
A pessoa que tem autodisciplina – disciplina interior – achará simples a disciplina do exterior. Com a sua autodisciplina aprende muito mais do que se controlar a si mesmo: aprende a controlar os seus pensamentos, o que é fundamental, pois são os pensamentos que levam a pessoa às palavras e aos actos.
• Aprende a usar as próprias palavras e assim… livra-se de um dos piores “pecados”: falar mal dos outros.
• Aprende a controlar os seus actos. Poderá levantar-se de manhã e “escalar montanhas” ou fazer qualquer outra coisa difícil, apenas pelo prazer de fazer, sem se deixar influenciar pela opinião do mundo, porque tem consciência de que está a fazer bem.
Então como aprender esta autodisciplina? Começando pelas coisas pequenas, pelas mais ínfimas. Muitos entusiasmam-se por fazer grandes coisas, porém quando muitas vezes falham, é porque não começaram por aprender a fazer o mais simples.
Os grandes pianistas começaram por aprender as escalas… e os tenistas, as regras mais elementares do jogo.
Devemos aspirar a uma autodisciplina perfeita, embora nunca se alcance a perfeição… isso só é possível a Deus/Jesus, que se fez obediente até à sua morte.
Não lhe podendo agradecer suficientemente por ter morrido por nós, o melhor mesmo que lhe podemos oferecer é seguir-lhe o exemplo. (in: Ser Escoteiro é…)
Por fim, pensemos que todos os grupos têm regras que assumimos como fundamentais para o bem comum e que evitam a anarquia e o caos. A obediência enquadra-se no respeito por estas regras: de facto surge quando um individuo se sente perfeitamente livre, no seu intimo, para acatar as ordens de outro que possui uma autoridade legitima e globalmente aceite pelo grupo em que se insere.
E esta é a diferença entre a submissão e a obediência: somos OBEDIENTES quando, em plena consciência, reconhecemos como legitima e necessária uma determinada autoridade, aceite por todos… somos SUBMISSOS quando, numa relação de poder em que a lei é a do mais forte, acatamos ordens por medo ou vergonha. (CNE, Recursos).
PORQUE O IMPORTANTE SÃO OS JOVENS…
PARA MEDITARMOS… com MUITA seriedade (17):
LEI DO ESCUTA
8 – O ESCUTA TEM SEMPRE BOA DISPOSIÇÃO DE ESPÍRITO
«Ser alegre mesmo nas dificuldades ajuda a tornar os outros felizes. Enche-lhes a vida de um aroma de felicidade. Aprende a dominar as reacções negativas, cultiva a boa disposição e assim tornas menos penoso o cumprimento das nossas obrigações. A alegria tonifica a vida e resiste ao desânimo, quando enfrentas as dificuldades com coragem e decisão. Quando chega a tristeza o escuta assobia, quando te zangares com alguém e estiveres a “rebentar” experimenta sorrir ou conta até dez.»
Tal como se pode obedecer, assim também se pode sorrir e cantar… interior e exteriormente… porque, como vimos num artigo anterior, a obediência interior é melhor, também o canto e o sorriso interior superam os exteriores.
Isto parece um pouco confuso e complicado… Consideremos então o sorriso e o canto exteriores: Uma pessoa pode controlar-se para sorrir e cantar, mesmo quando as coisas não correm muito bem, e o efeito causado nos outros é notável. Uma manhã de chuva num acampamento pode tornar-se algo de delicioso se um ou dois escuteiros procurarem estar externamente alegres, ainda que não seja esse o sentimento interior… e isto seria o ideal, maravilha. No entanto, melhor, muito melhor que isto, seria se o seu sorriso e canto fossem reflexo do seu interior.
No 5º Artigo da Lei, reforçámos que o comportamento depende daquilo em que acreditamos. Agora, para que este 8ª Artigo nos ensine uma das mais importantes lições da vida (que muitas pessoas desconhecem) partamos do mesmo principio: do nosso ACREDITAR… o que significa aquilo em que acreditamos como Cristãos.
Assim, como Cristãos, sabemos que Jesus veio ao mundo para nos salvar. E como fez Ele tal coisa?
Tornando-se homem, vivendo na terra e morrendo na cruz.
Mas porque só isso não nos salva?
O Pecado é a consequência de 2 grandes erros: (1) a Desobediência e (2) o consentimento dado a um prazer proibido. Reparemos que Jesus praticou na perfeição as duas virtudes opostas a estes erros: a obediência e o sofrimento. Deus aceitou esta obediência e este sofrimento para opô-los à desobediência e prazeres ilícitos dos homens.
Ora isto sendo importante, não deixa de necessitar da nossa ajuda para que todos sejamos salvos, perdoados… menos imperfeitos. E a melhor ajuda é a oração. Porém a oração não é apenas oral ou espiritual… ela é também acção… assim, o nosso canto, o nosso sorriso, a nossa alegria, podem ser uma forma de oração.
Mas que tem, então, isto que ver com o 8º artigo da Lei?
O sorrir e o cantar exterior são bons, mas melhor ainda é o interior… como quando temos aquela dor de cabeça que nos incomoda, quando não fazemos bem uma actividade, quando algo nos corre mal (e portanto nos faz sofrer), aceitemos esse “sofrimento” e ofereça-mo-lo a Deus como uma oração, e aproveitemos esse “mau momento”, essa “cruz”, para nos tornarmos melhores. Esta é a razão, porque muitas pessoas que passam por enormes provações e dificuldades, consigam manter sempre um sorriso, um assobio… um semblante de felicidade.
E como isto é difícil!!! Tentemos sempre seguir a sorrir e a cantar, para podermos aproveitar os nossos sofrimentos e alegrias. Ofereçamos sempre a Deus o nosso dia, com todos os seus momentos de alegria e tristeza… para que o nosso sorriso venha do interior, da boa disposição de espírito. (in: Ser Escoteiro é…)
Porque a alegria é uma das características que se deve apontar a todo o escuteiro. Mas aquela alegria pura, de quem tem a consciência tranquila, de quem se sente bem consigo mesmo e com o mundo que o rodeia. Quem assim procede, consegue dominar os seus sentimentos de raiva e tristeza, revelando capacidade interior para vencer os desafios e desaires. Mais ainda: vivendo assim o escuteiro opta por viver a vida com optimismo, escolhendo a esperança no lugar da preocupação e do medo… e desta forma, por mais difícil que seja o caminho, por mais desespero que se possa sentir… UM ESCUTEIRO ESPERA SEMPRE, EM DEUS, POR DIAS MELHORES… E SORRI! (CNE, Recursos).