A Igreja Católica em Portugal celebra a Semana de Oração pelos Seminários, de 5 a 12 de novembro, com o tema bíblico “Não tenhas medo. Serás pescador de homens”, do Evangelho de São Lucas (Lc 5,10b).
Nesta semana partilhamos o testemunho do seu caminho na fé e vocação de alguém que nos é próximo, o Rodrigo.
Sou o Rodrigo, tenho 20 anos e sou daqui da Paróquia.
Para falar do meu caminho vocacional tenho de regressar às minhas origens: a minha família. Graças a Deus nasci numa família Católica e a Pessoa de Jesus nunca me foi estranha, pelo contrário, era incentivado a rezar sobretudo motivado pelos meus avós maternos. A partir deste contexto familiar, permitiu a Nosso Senhor que me fosse tocando de forma simples e regular.
Quando tinha 12 anos, o Padre Marcos convidou-me para ir a um encontro do Pré-Seminário, algo que nunca tinha ouvido falar. Fui e gostei, pois tínhamos imensos jogos, catequeses, missa diária, diversos momentos de oração, filmes, entre outras coisas. Lembro-me que das coisas que mais me marcou foi um filme que vimos chamado: Francisco e Clara, pois a partir desse momento, mudei a minha perspetiva de «o que é que eu quero fazer da minha vida?» para «o que é que Deus quer da minha vida?»
A partir desse momento em que Nosso Senhor foi modelando o meu coração para querer viver por Ele, tudo se tornou mais simples: a questão de ser padre já não era uma questão de gostar ou não gostar, mas uma questão do projeto único que Deus quer fazer com a minha vida para o meu próprio bem e felicidade e para a maior salvação e felicidade do maior número de pessoas possível. Desde então fui dando pequenos passos como o passar a ir à missa diária, rezar a Liturgia das Horas, confessar-me com regularidade, entre outras coisas.
Fui caminhando com Jesus, entre altos e baixos, até que chegou a pandemia. Foi um tempo muito duro, onde me afastei da oração, no qual não tinha a graça de poder participar da missa, não só dominical, mas como a diária e isso atrofiou o meu caminho. Quando aos poucos fomos podendo voltar a ir à missa, fui reconstruindo a minha relação com Jesus, sobretudo a partir dos Companheiros de São Paulo (o grupo dos mais velhos do Pré-Seminário que vai desde o 12º. Ano até rapazes que já trabalham) com o retomar da missa diária, confissão regular e direção espiritual que foi caminhando vocacionalmente. No fim do 12º. ano fui convidado a entrar no Seminário de São José de Caparide, ao qual respondi prontamente que sim. Um convite que não me deixou a mim apenas feliz, mas também à minha família.
Destaco a importância da Paróquia no meu caminho, muito a partir do carinho que cada pessoa me tem, e também de ter estado no grupo dos acólitos que me permitiu estar sempre perto de Jesus na missa, a oportunidade e a graça que foi ter acompanhando um grupo da catequese do 2º. ao 5º. ano.
Entrei no Seminário no dia 26 de setembro de 2021, foi um dia muito bonito, mas duro ao mesmo tempo, sobretudo quando cheguei ao quarto à noite e percebi que estava sozinho, algo que custou um pouco. No Seminário de Caparide fui crescendo no amor a Deus, fui-me descobrindo um filho verdadeiramente amado por Deus, um Deus que me perdoa infinitas vezes, que se fez homem por mim e que deu a vida por mim. Cresci também no amor à Igreja, minha mãe, que a vocação acontece na Igreja e para a Igreja e que como mãe e mestra vai cuidando de mim, vai-me fazendo crescer como homem e, se Deus quiser, como padre. Cresci também no amor a Nossa Senhor, passei a rezar o terço todos os dias e fui-me vendo verdadeiramente muito acompanhado pela sua presença muitas vezes silenciosa e discreta, mas sempre presente na minha vida. Destaco também a importância da experiência da vida em comunidade, pois passei a viver com mais 18 rapazes que não nos conhecíamos, mas a partir dos diversos momentos de partilha fomos descobrindo as maravilhas e dificuldades de cada um neste caminho.
No final desse ano, fui convidado a avançar para o Seminário dos Olivais e, uma vez mais, foi um convite que aceitei com grande alegria.
Nestes dois anos no Seminário dos Olivais têm sido anos de crescimento do ponto de vista da responsabilidade, muito a partir do estudo da faculdade e, de conciliar o estudo com a vida de oração e com a vida comunitária. O crescimento de me saber filho de Deus e de irmão do meu próximo. No crescimento da minha configuração com Cristo Bom Pastor, no amor a Deus, no amor à Igreja e, como já referido, no amor ao próximo.
Querida Paróquia, peço que rezem por mim e pela minha fidelidade a Deus e à Igreja, sem a vossa oração, não consigo fazer este caminho. Sintam-se mesmo a viver este caminho comigo. Tenham a certeza que rezo por vós!
Rodrigo Moura Canhoto