D. Manuel Clemente destaca publicação «muito importante» para os crentes
Lisboa, 07 abr 2016 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa considera que perante as “muitas circunstâncias negativas na sociedade” se pode esperar “muito” da exortação apostólica dedicada à família «A Alegria do Amor», do Papa Francisco, quer vai ser publicada esta sexta-feira.
“Acho muito importante o que ela vai trazer para a vida dos crentes. Ainda não a li mas o que ela vai trazer, estando de acordo com toda essa reflexão onde o próprio Papa nos incluiu, não quis fazer um documento sozinho, é encararmos a família, quer na Igreja, quer na sociedade como a base de tudo o mais”, disse D. Manuel Clemente.
À Agência ECCLESIA, considerou que tudo quanto seja “reforçar a vinculação familiar”, quer na Igreja, quer na sociedade, é fundamental, por isso, pensa que esse vai ser “o grande contributo” do documento Papal.
“Quer depois saibamos, como se costuma dizer, o receber, assimilar essas instruções nas nossas comunidades cristãs, já como o Papa João Paulo II desejava que fossem famílias de famílias e não ajuntamentos”, acrescentou o prelado.
“Não vejo outro futuro para nos encontrarmos como humanidade solidária senão temos vida de família e vizinhança”, refere.
O cardeal-patriarca de Lisboa que participou nas duas assembleias sinodais (em 2014 e 2015) sublinhou que hoje vivem-se “muitas circunstâncias negativas na sociedade, dentro e fora da religião”.
“Tem a ver com o isolamento, aquilo que o Papa chama o descarte. Quer dizer há pessoas que são acompanhadas, porque têm família, porque têm quem olhe por elas desde pequeninas desde mais idosas a doentes e há pessoas que já não têm este aconchego, este apoio, este acompanhamento”, contextualiza.
Se para D. Manuel Clemente a situação descrita “é um problema tremendo”, o que dizer das “imensas famílias” que estão às portas da Europa e tendo deixado tudo “não têm nada”.
“Famílias – crianças; pais; avós – tudo desgarrado, tudo disperso, tudo maltratado mas também na nossa sociedade e às vezes até onde há ambiente com condições, com dinheiro para garantir esse mínimo de apoio e condições”, comentou o também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, à margem da peregrinação da Escola Secundária de Peniche ao Santuário de Fátima.
“Há uma articulação social a fazer na base que é aquela onde a gente nasce e que nos acompanha na vida, os laços de sangue, de vizinhança, de parentesco, se não apoiamo-nos em quê”, desenvolve, explicando que nas cidades existem pessoas que “vivem completamente sós” por várias razões: “Já não têm família, foi cada um para seu lado e a vida está muito ocupada e as vizinhanças também já não funcionam.”
O Vaticano anunciou que a exortação apostólica do Papa Francisco, com as conclusões do Sínodo da Família, vai ser publicada esta sexta-feira, dia 8 de abril.
Os temas da família estiveram no centro de duas assembleias do Sínodo dos Bispos, em outubro de 2014 e2015, por decisão do Papa Francisco, antecedidas por inquéritos enviados às dioceses católicas de todo o mundo.
Esta será a segunda exortação apostólica do atual pontificado, seguindo-se à ‘ ‘Evangelii Gaudium’, “A Alegria do Evangelho”.
- Manuel Clemente vai falar do texto, aos jornalistas, numa conferência de imprensa marcada para as 14h15 de sexta-feira, no Patriarcado de Lisboa
Fonte: Ecclesia